
O relatório analisou estudos publicados nos últimos 50 anos sobre a concentração de nutrientes encontrados em plantações e criações de animais de ambos os tipos de cultivo e avaliou benefícios para a saúde na ingestão de alimentos orgânicos. Os resultados, parcialmente publicados em julho no American Journal of Clinical Nutrition, contradizem o trabalho anterior que tinha estabelecido que alimentos cultivados organicamente são nutricionalmente superiores.
O Alan Dangour, que conduziu a análise pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, disse que a maioria dos estudos foram baseados na hipótese de que comer alimentos orgânicos é benéfico para a saúde: – Olhando para todos os estudos publicados nos últimos 50 anos, concluímos que não há boas evidências de que o consumo de alimentos orgânicos seja benéfico para a saúde com base no teor de nutrientes.
Dangour disse que, embora tenham sido encontradas pequenas diferenças no teor de nutrientes entre os alimentos orgânicos e os produzidos convencionalmente, elas "provavelmente não têm qualquer relevância para a saúde pública".
Os defensores dos alimentos orgânicos criticaram o estudo por não considerar fertilizantes e resíduos pesticidas nos alimentos. Eles expressaram seu descontentamento com a natureza limitada da análise, dizendo que sem estudos de longo prazo não há como fornecer uma resposta clara sobre se comer alimentos orgânicos traz benefícios para a saúde. Peter Melchett, diretor da Associação de Solos da Inglaterra reconheceu estar preocupado com as conclusões: – De acordo com o critério que eles adotaram não há provas de que os produtos não são saudáveis.
Ele critica a metodologia usada pelos pesquisadores que classificaram como não importante alguns benefícios nutricionais encontrados nos alimentos orgânicos, o que levou a conclusões diferentes das encontradas por outros estudos.
O apêndice do relatório da FSA mostra que alguns nutrientes, como o beta-caroteno, tem uma concentração 53% maior em alimentos orgânicos. No entanto, essas diferenças não se refletem nas conclusões. O cultivo de alimentos orgânicos, que agora representam 2 bilhões de libras apenas no Reino Unido, é regido por normas rígidas que o diferenciam da agricultura convencional. Culturas que não são tratadas com fertilizantes químicos artificiais ou pesticidas. Antibióticos e drogas também não são usadas rotineiramente em criações de animais.
Gill Fine, uma das diretoras da FSA, defendeu a aplicação do estudo: – Nós não somos nem anti ou pró alimentos orgânicos. Reconhecemos que existem muitas razões pelas quais as pessoas optam por comer orgânicos, como o bem-estar animal ou preocupações ambientais. Nós especificamente fomos atrás da informação de que o alimento orgânico é melhor para você. Este estudo não significa que as pessoas não devam comer alimentos orgânicos. O que ele mostra é que há pouca ou nenhuma diferença nutricional entre alimentos orgânicos e alimentos produzidos convencionalmente, e não há evidências de benefícios adicionais para a saúde pelo consumo de alimentos orgânicos".
Quando perguntada se os consumidores haviam sido induzidos ao erro sobre os benefícios dos alimentos orgânicos, afirmou: – Se eles estão comprando orgânico baseado no que é saudável, então isso não vem ao caso.
O estudo coordenado por Leifert, que terminou em maio deste ano, envolveu 31 institutos de pesquisa e universidades. Constatou-se que os níveis de compostos nutricionalmente desejáveis, como antioxidantes e vitaminas, foram maiores em cultivos orgânicos.
Fonte: Jornal Zero Hora
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